domingo, 22 de junho de 2014

Seus olhos

Entre tantos, ela vê justamente você.
Ela bebe aquelas palavras como quem busca água no deserto.
Palavras tão doces e macias que assustam a qualquer um,
Mas a ela, são palavras que encantam.

Não posso dizer que foi por ingenuidade
Que ela deu seu número, seu e-mail, seu coração.
Depois de tantas quedas, já deveria saber andar entre as curvas.

Talvez tenha sido um feitiço
Lançado desse seu olhar obscuro,
Como um buraco negro no espaço
Que suga qualquer coisa para dentro de si.

Talvez tenha sido esses olhos,
Tão confusos e mentirosos,
Resultado da deformação espaço-tempo,
Causado após o colapso de uma estrela.
Estrela, essa, que não existe mais dentro de você.

Talvez tenha sido o beijo imaginário daquela noite que,
Junto com o assobio do vento,
Criaram em sua mente um amor perfeito
Com varias cores, sabores e cheiros.

Não entendo porquê você fez isso.
Não te basta todos os problemas já causados.
Não basta o travesseiro encharcado de lágrimas doces,
E o diário cheio de palavras amargas.
-Porquê ainda me olhas? 

Porquê ainda à olha?!
Com esses olhos frios que retem o calor dos sonhos à sua volta?
Não enxergas que queima todo corpo que era seu?
E derrete qualquer riso, qualquer beijo, qualquer pele.

Como ela podê deixar-se levar no ritmo da tua voz?
Entrando, sem motivos, nas infinitas mentiras desse amor.
Um sentimento cuja superfície marca a região da qual não se pode mais voltar.


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